top of page
web2.jpg

CULTURA EM PAUTA

Atualidade, Entretenimento e Informação

Site produzido pelas Júlias da turma 52 do Jornalismo da UFG com fins de abranger pautas sobre cultura e aprender cada vez mais sobre Webjornalismo.

Esperamos contribuir para o acesso a informação,

Júlia Alves e Júlia Fontes

Início: Bem-vindo
Início: Blog2
Buscar
  • Júlia Fontes

Incêndio do Museu Nacional: indiferença com museus universitários e conhecimento

Atualizado: 14 de jul. de 2019

O incêndio que ocorreu no Museu Nacional (MN) em setembro do ano passado foi uma mostra da indiferença governamental com os museus universitários, o que culminou no retrocesso para a ciência do mundo. “As peças que estamos resgatando vão desde o paleolítico e neolítico europeu, africano e asiático, até as coleções ameríndias e outras mais recentes. Aqui está a história do mundo” disse a arqueóloga Angela Maria Rabello em entrevista ao jornal Época.


Estrutura do Museu Nacional 7 meses após o incêndio. Foto: Luís Felipe Capellão

Mesmo que em apenas 3 meses de busca os especialistas tenham recuperado 1,5 mil objetivos das exposições, a administração do museu estima que 90% das 20 milhões de peças e documentos que compunham o quinto maior acervo do mundo tenha sido perdido. Objetos importantes para a história antropológica e científica da humanidade estavam presentes na coleção. Dentre eles, o fóssil e grupo de Luzia – uma das primeiras mulheres e grupos a habitarem a América do Sul – cujo descobertas reorientaram as pesquisas sobre a ocupação do continente. Felizmente, o fóssil foi encontrado.


Partes do fóssil de Luzia encontrados nos escombros. Foto: Júlia Barbon

Além disso, o museu também continha arquivos fundamentais para o estudo da cultura indígena, como gravações de rituais, conversas e cantos coletados antes de 1960 em tribos que algumas já foram extintas. Artefatos da cultura Marajoara de relevância para os estudos da pré-história brasileira - cerâmicas decoradas com formas antropomorfas, humanas, animalescas e desenhos – também compunham o acervo. Além de exemplares de fósseis de dinossauros brasileiros de grande porte. (Conheça o museu antes do incêndio)


A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), estima que serão necessários 10 anos para a recuperação do museu carioca. Entretanto, de acordo com especialistas alemães, Ulrich Fischer e Nadine Thiel, a rapidez para o resgate de objetos é essencial "A cada dia que passa, os objetos ficam cada vez mais danificados devido ao mofo, à umidade, à chuva e possíveis desabamentos de paredes", afirmou Thiel.


Todavia, para que isso ocorra rapidamente são necessários recursos. Desde 2014, o Museu Nacional vem recebendo recursos insuficientes. Em 2017, dos 550 mil reais necessários para manter o museu, apenas 373 mil foram repassados para a instituição, foi o que ponderou o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, em coletiva de imprensa realizada no Palácio do Planalto dois dias após o incidente.

Essa carência de recursos gerou a falta de manutenções e o adio de reformas necessárias, acarretando não só no incêndio, mas também na morosidade para as restaurações dos objetos achados.

A Universidade Federal do Rio de Janeiro – órgão responsável pela administração do museu – alegou que desde 2004 está solicitando recursos para as reformas. Todavia, só tiveram respostas positivas no ano do incêndio. Visando o aniversário de 200 anos do Museu Nacional, a instituição receberia uma verba de 21 milhões de reais do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a revitalização do prédio histórico, incluindo o acervo e espaços de exposição. Contudo, foi tarde demais.


Mesmo com o alerta do secretário de Energia, Indústria Naval e Petróleo do Rio de Janeiro, Wagner Victer, ainda em 2004, que o museu poderia pegar fogo, as consequências da negligência do estado chegaram antes que a primeira parcela do investimento do BNDES que seria entregue no mês que ocorreu o incidente. Com isso, 200 anos de história e pesquisa viraram fuligem.


O Museu Nacional não é o único museu brasileiro administrado por universidade federal que vem sofrendo com a diminuição de recursos e com a indiferença do estado. Desde de 2017, quando entrou em vigor a Emenda Constitucional 55 (antiga PEC 241), que congelou o teto de gastos limite do governo federal por 20 anos, a educação e a cultura brasileiras vêm lidando com a restrição orçamentária que dificulta melhorias nos setores.

De acordo com o acadêmico de museologia da Universidade Federal de Goiás (UFG), Leonardo Tavares Alencar, “congelar os investimentos de algo que não atinge o ideal estabelecido constitucionalmente é inadmissível” pontuou Alencar. O estudante se refere a PEC 150/ 2003 que determina que, anualmente, 2% do orçamento federal, 1,5% dos estados e 1% dos municípios, coletados por meio de impostos, sejam aplicados diretamente em cultura. Entretanto, de acordo com a terceira edição do Sistema de Informações e Indicadores Culturais, elaborado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apenas 0,3% dos investimentos públicos na última década foram em cultura.


Além disso, segundo o diretor do Museu Antropológico, Manuel Ferreira Filho, que ocupa o cargo da chefia administrativa há mais de quatro anos no museu goiano, caso a PEC 55 continue vigente nos próximos 18 anos, conforme o previsto na ementa, a cultura nacional será afetada gravemente, em especial os museus.

“Todos os museus podem fechar. É necessário mudar isso”, levantou Filho.

O museu dirigido por Manuel Filho também corre o risco de fechar. De acordo com o diretor, já são visíveis consequências do corte de gastos.

“É necessário urgentemente uma reforma do Plano de Segurança da Salvaguarda Material e do Pessoal a fim de uma proteção contra incêndios”. ponderou Filho

O acervo do Museu Antropológico, localizado em Goiânia, é composto por 160 mil peças em três reservas - reservas arqueológica, etnográfica e documental. Segundo o museu, são encontrados objetos descobertos através de pesquisas realizadas ao longo de mais de 30 anos em áreas de atuação como Antropologia Social e Cultural, Arqueologia, Etnolinguística, Educação Indígena, Ação Educativa, Museologia, Conservação, além do acervo documental, apresentado em suportes diversos. Para o diretor, a ocorrência de um incidente no Museu Antropológico, assim como ocorreu no Museu Nacional, também seria uma calamidade para a cultura e educação.


O Museu Antropológico funciona da terça a sexta-feria das 9 as 17 horas. Foto: portal UFG

Enquanto essa reforma não ocorre, para evitar que culmine no museu goiano uma tragédia assim como ocorreu no museu carioca, de acordo com Manuel, está sendo projetada a construção de um novo espaço do Museu Antropológico visando todas as leis internacionais e planos nacionais museológicos. Entretanto, para que isso ocorra é necessário a abertura de editais e a aderência desse por empresas. Por conta disso, não há data prevista para a reforma necessária.


Os museus administrados por universidades federais dependem de editais para seus funcionamentos e para a efetivação de reformas necessárias. Todavia, explica o diretor do museu, que diferente do Museu Nacional, fazer reformas é mais fácil na maioria dos museus universitário. Isso se põe, pois nesses museus os prédios não são tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Dessa forma, o processo para realização de reformas necessárias é menos moroso na parte burocrática, mas o tempo para solicitar recursos, ocorrer a abertura de editais e repasse para as instituições é o mesmo.


Segundo o especialista em museologia e coordenador do Museu Antropológico, Adelino Adilson, os museus universitários têm fundamental importância para a formação de profissionais, realizações de pesquisas para a comunidade nacional e internacional e, também, é meio de interação social. Sendo assim, abrange ensino, pesquisa e extensão que são fundamentais para toda a sociedade. Dessa forma, para o diretor, a morosidade para o repasse de verba para essas instituições causa retrocessos para a sociedade em geral, já que é um local de fruição da cultura.

“Os editais não podem ser o principal fornecedor financeiro para essas instituições com tamanha importância” afirmou Adilson.

Afim de mudar essa realidade dos museus universitários ocorreu no fim do ano passado, em Belo Horizonte (MG), o encontro da Rede Brasileira de Coleções e Museus Universitários. A principal pauta do encontro – que teve presença de mais de 80 museus universitários – foi o debate para a criação de uma rubrica específica dentro do então Ministério da Educação e Cultura (MEC) para a manutenção dessas instituições. Caso o repasse das verbas continue junto com o das universidades, é de interesse da Rede que ocorra a criação de uma pasta orçamentária própria, explica Maurício Cândido, coordenador da Rede Brasileira de Coleções e Museus Universitários.


Para o coordenador da Rede, a criação dessa pauta e a efetivação será o freio do cenário de anomia. “Os museus universitários são absolutamente invisíveis e dependem quase que exclusivamente da política interna de cada universidade para a destinação de recursos que garantam sua sustentação, através da política de editais. Com isso, nossos museus teriam mais estruturas para se manterem” afirma Maurício.



Júlia Fontes para disciplina de Webjornalismo

11 visualizações0 comentário

QUEM SOMOS NÓS

Início: Membros da Equipe
Júlia.png

JÚLIA ALVES

19 anos, estudante de Jonalismo na UFG.
Sonhadora, determinada, extrovertida e apaixonada pelos animais. Buscando melhorar a cada dia, a evolução é constante.

ENTRE EM CONTATO

Obrigada por escolher o Cultura em Pauta. Para mais informações, entre em contato e retornaremos em breve!

Início: Entre em contato
bottom of page